segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Tocar, sentir, cheirar: desenvolvendo arquitetura para os sentidos


Com a adaptação do homem aos conglomerados humanos que chamamos de metrópoles, centros urbanos, comunidades, importantes aspectos de nossa capacidade perceptivas foram aos poucos sendo abandonados. Lembro-me quando queria  ir a algum lugar mais distante de casa, isto na cidade, meu avô me dizia para levar a sombrinha pois a "x" hora iria chover. Olhava para o céu e via um a tela linda, azul, sem nuvens.  No entanto, aos 10 segundos para a "x" hora eu abria a sombrinha, e lá vinha ela, com força total pegando muita gente de surpresa. Como ele podia ser tão preciso? Nossa capacidade de percepção e sensibilidades aos sentidos ficou reduzida à visão em escala maior; tato e paladar com uma importância menor; e com os inúmeros cheiros que estes aglomerados trazem também perdemos a precisão do sentido do olfato.



Em 15 de outubro desse ano, 2018, 78 projetos foram reunidos em uma mostra de design sensorial: "Architecture You Can Smell? A Brief History of Multisensory Design.". O objetivo foi "projetar conscientemente todo o espectro da experiência sensorial, pode nos conectar melhor com o mundo material e nos ajudar a encontrar nosso lugar adequado nele."  Olhando ao nosso redor nos dias atuais podemos observar toda uma referência visual cimentada em bases de puro concreto, que busca um cenário futurista, e que nos filmes de ficção traz o verde totalmente, ou quase, inexistente. Várias pessoas comentaram comigo que ao sair dos grandes centros ficam desorientadas, quase uma tontura permanente até conseguirem se ambientarem em locais totalmente selvagens, ou longe do burburinho urbano. O ar  puro, os cheiros, o espaço, as diferentes texturas, o reconhecimento de um paladar diferente e não industrializado causam um estado de ansiedade para eles difícil de explicar, pois foram em busca de descanso. 

As novas tecnologias vieram para ficar, o futuro bateu à porta e voltar ao estágio bruto não é mais uma opção - a não ser nos filmes de ficção. No entanto, é possível reaprender e nos conectarmos a todo este estado material perceptivo e nos conectar nele sem perdermos este estado de reconhecimento. Esta proposta colocada por vários designs é inovadora no sentido de que vai de encontro à busca atual do ser humano.  O multisensorial é parte do nosso equilíbrio, no nosso caso falamos sobre aromas e o que podem fazer por nosso estado mental e emocional. Podemos nos permitir ter estas experiências em nossos espaços de trabalho, em casa, nas cidades, criando recantos que nos leve sempre a este estado de transição entre o sensorial e o material, nos reconectando ao nosso humano esquecido.


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